quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Achados arqueológicos lançam dúvidas sobre origem de Abrantes

30 Nov 2007, 13:09h

As obras de requalificação que decorrem no centro histórico da Abrantes levaram à descoberta de vestígios históricos que podem obrigar a reescrever a história da cidade.
Além de algumas moedas, os arqueólogos encontraram 25 silos alinhados e escavados no solo e muitos fragmentos cerâmicos medievais que indiciam ser de origem islâmica do século X ou XI, ou seja, antes do início da nacionalidade. Um achado que a arqueóloga municipal, Filomena Gaspar, classificou como "muito interessante" e "inusitado" e que, segundo disse, "reforça a tese de ocupação islâmica, uma vez que o ano passado também foram encontradas cerâmicas pintadas de pasta vermelha com bandas brancas e que são típicas dos século X, XI".
Filomena Gaspar disse à Lusa que "a confirmarem-se a data e a pertença ao local seria necessário reler e reescrever os relatos sobre as origens da povoação que hoje é a cidade de Abrantes".
"Esta seria uma novidade enorme devido à ausência de relatos anteriores ao século XII. O que pensamos, até hoje, é que esta povoação tivesse sido fundada para defender a linha do Tejo, no tempo de D. Afonso Henriques", disse.
A descoberta tem entusiasmado não só os arqueólogos municipais como também a população e os funcionários camarários que trabalhavam na Rua Grande na instalação de condutas de gás, telecomunicações e saneamento básico.
"Esta é uma das descobertas com maior visibilidade dentro do contexto urbano e todos estão a colaborar e a escavar a totalidade dos silos que, na altura, eram o melhor instrumento para a preservação de víveres", explicou Filomena Gaspar.
Em declarações à Lusa, a vereadora da Cultura da Câmara de Abrantes disse estar "impressionada" pela quantidade de silos encontrados em linha e que a autarquia pretende "resguardar" alguns deles com placas explicativas."De facto, não é habitual encontrar tantos silos e estes são perfeitos e muito bem escavados na terra".
Isilda Jana disse que "não é possível deixá-los todos à mostra, porque a Rua Grande é uma artéria fundamental para a circulação rodoviária", mas que existem alguns que se poderão preservar.
"Existem dois silos que estão um pouco mais afastados e que vamos preservar colocando um painel de leitura relativo à sua história".
"Os outros, depois de explorados, terão de ficar subterrados", acrescentou.
Segundo disse à Lusa a arqueóloga Filomena Gaspar as datações e conclusões acerca destes achados serão dadas a conhecer em Janeiro de 2008.


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